Rejuvenescimento íntimo em sobreviventes do câncer de mama

Por Dra. Nathalia Ramalho*

O laser vaginal foi muito propagado como opção segura para rejuvenescimento íntimo em sobreviventes de câncer de mama.

Mas será que ele funciona mesmo?

Estudos que comparam o uso do laser ao uso de cremes vaginais com doses baixas de hormônios mostraram resultados semelhantes, porém os estudos que utilizaram a comparação ideal (um laser “falso”) mostraram não haver qualquer benefício e ocorrerem mais efeitos colaterais em usuárias do laser.

E por que isso acontece?

Quando oferecemos para uma paciente um tratamento barato, popular e que a sociedade erroneamente associa a riscos (muitas pessoas associam o uso dos hormônios vaginais a um aumento de risco de câncer de mama), elas já partem de uma maior insatisfação.

Já quando oferecemos algo novo, tecnológico, pouco acessível e que é visto como seguro (a ausência de hormônios é vista por muitos como ausência de riscos) elas já partem de um nível maior de satisfação. E isso foi suficiente para levar a resultados semelhantes quando comparamos as 2 intervenções.

Mas quando usamos o comparador ideal, ou seja, o “falso laser”, não houve diferença em relação a quem usou o “laser verdadeiro”.

E o que fazer com as mulheres com sintomas de dor e ressecamento vaginais?

Continuar utilizando os produtos vaginais a base de baixas doses de hormônio. Eles são seguros, baratos e eficazes.

E para as sobreviventes de câncer de mama?

A própria Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) afirma que o uso de estrogênios vaginais em baixa dose é seguro e eficaz e que o laser vaginal não deve ser utilizado.

Referências:

• Li FG, Abbott J. Laser for genitourinary syndrome of menopause: what we know and what we need to know. Climacteric. 2025;28(4):414-422. doi:10.1080/13697137.2025.2455186

• Lambertini M, Arecco L, Woodard TL, Messelt A, Rojas KE. Advances in the Management of Menopausal Symptoms, Fertility Preservation, and Bone Health for Women With Breast Cancer on Endocrine Therapy. Am Soc Clin Oncol Educ Book. 2023;43:e390442. doi:10.1200/EDBK_390442

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* Médica Ginecologista pelo IMIP com especialização em Ginecologia Endócrina, Climatério, Contracepção e Ginecologia Infato-puberal pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Membro da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia - FEBRASGO, da Sociedade Brasileira de Climatério - SOBRAC, da The Scientific Network on Female Sexual Health and Cancer, da International Menopause Society e do Grupo EVA de tumores femininos.